sexta-feira, 12 de março de 2010

Lasar Segall

Segall realista

Uma retrospectiva tradicional possui sempre o objetivo de referendar o mito do artista exemplar. Esta mostra dedicada à obra de Lasar Segall, o entanto, não considera sua trajetória dentro das convenções da exemplaridade porque acredita que, também no campo da história da arte, ninguém deve servir de modelo para ninguém.
Esta mostra analisa a obra de Lasar Segall a partir da recepção que obteve no meio modernista da São Paulo na década de 1920. Segall foi visto por Mário de Andrade e outros como um “realista”, que mostrava ter superado os “exageros” da vanguarda expressionista.
Dentro desta perspectiva, o visitante perceberá Segall como um artista em diálogo com a grande tradição da pintura e com os princípios estruturais da arte do século XX. Esta atitude, aliada ao compromisso ético que sempre o caracterizou, revelará o percurso de marchas e contra-marchas de um artista inquieto com o equilíbrio entre abstração e realidade e em busca de novas possibilidades de expressão.
Se Lasar Segall pode servir como modelo de conduta profissional, é porque nunca se negou a isolar-se – não apenas como um homem, mas, sobretudo, como artista. Sua obra interrompida bruscamente pela morte, enquanto ainda se rearticulava buscando novas possibilidades para seu devir, atesta que Segall foi sempre maior que o mito criado sobre ele.

Tadeu Chiarelli

Morro vermelho



Morro vermelho é uma das obras mais complexas de Lasar Segall. O quadro apresenta o tema da Virgem com o Menino de maneira impactante: a frontalidade das figuras sugere as imagens de devoção cristã, mas ambas exibem traços africanos, o que não é absolutamente comum na arte dos anos de 1920. Se o viés de denúncia social do expressionismo se faz sentir na opção por duas oprimidas – a mãe e o filho negros e pobres - , a postura tradicional de ambas aproxima a imagem de uma alegoria tradicional. O uso de cores vibrantes também é parte da herança expressionista, mas essa vertente da produção vanguardista não se permitia aderências a qualquer cânone pictórico, como fez Segall ao relacionar a mãe e a criança negras à tradição iconográfica cristã. Pintado durante a primeira temporada brasileira de Segall (1923-1928), Morro vermelho revela um pintor em uma encruzilhada, entre a tradição e a radicalidade das vanguardas.

Conclusão:
Mario de Andrade via Segall como um "realista". Na mostra que retratou sua obra, acreditava-se que ninguém deve ser uma influência na obra do outro. Segall nunca se negou a isolar-se; suas obras estão entre abstração e realidade, procurando novos meios de expressão. Uma de suas obras mais complexas foi Morro vermelho, retratando duas figuras oprimidas: mãe e filho negros e pobres. Representa a Virgem e o Menino, por sua vez com traços africanos. Com cores fortes, vibrantes, revela seus sentimentos entre tradição e radicalidade das vanguardas.

Fonte:
Vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=Do1HjaVXlhU

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